Presidente da República diz que timings da vacinação dos políticos depende das autoridades de Saúde.
O Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, confirmou esta terça-feira a renovação do estado de emergência nos termos em vigor. No final de uma visita ao Hospital das Forças Armadas, em Lisboa, Marcelo anunciou que as reuniões dos políticos com os especialistas no Infarmed voltam na próxima semana.
“Tem toda a lógica perante as medidas tomadas que esta renovação do estado de emergência seja a continuação da anterior nos termos que estão em vigor”, disse Marcelo, acompanhado pelo primeiro-ministro, António Costa, e a titular da pasta da Saúde, Marta Temido. O Presidente referiu-se, também, à suspensão do ano lectivo até 8 de Fevereiro.
“A decisão relativamente às escolas foi tomada há três dias, não existem dados que permitam tirar ilações, é preciso esperar algum tempo, que se liga também à reunião do Infarmed, está pensada uma reunião quando os dados disponíveis permitam avaliar um confinamento levado a sério pelos portugueses”, explicou.
Deste modo, o decreto que o Presidente da República envia, na próxima quinta-feira, para aprovação da Assembleia da República, manterá todas as medidas já adoptadas, incluindo a continuação da suspensão das actividades lectivas, pois sobrepõem-se no tempo a esta decisão governamental.
Sobre um pedido de ajuda internacional, admitido na noite desta segunda-feira por Marta Temido, Marcelo foi cauto. “Não há, neste instante, razão que determine uma ideia de alarme social, de ajuda internacional como aconteceu no passado com países da União Europeia”, desdramatizou.
Questionado sobre a alteração dos planos de vacinação, alguns dos quais reivindicados por especialistas, esclareceu que esse ajuste responde de acordo com as circunstâncias de momento. A este propósito, especificou que o primeiro-ministro, António Costa, elaborou um despacho em que solicitava que os órgãos de soberania manifestassem a sua adesão à vacina contra a covid-19.
“[Essa definição] No Governo cabe ao primeiro-ministro, ao Presidente da República cabe o Conselho de Estado e os representantes da República nas regiões autónomas dos Açores e da Madeira”, sublinhou. “É prematuro antecipar datas [de vacinação] de uma matéria que é do foro das autoridades de Saúde.
Orgulho e gratidão
“Estou aqui hoje para mostrar que [a luta contra a pandemia] se trata de um combate de todos, do Presidente da República, do Governo e das Forças Armadas”, declarou realçando o clima de unidade.
“Este não pode ser apenas um combate do poder público e das Forças Armadas, mas de todos os portugueses”, apelou Marcelo. “Esta semana, a próxima, as que se seguem são determinantes para deter e inverter a situação, desta batalha depende muito todo o combate que prossegue”, alertou.
O Presidente e chefe Supremo das Forças Armadas manifestou, também, o seu orgulho e gratidão ao labor dos militares no combate à pandemia. “Os portugueses sabem que as Forças Armadas são capazes de prestigiar o país lá fora”, disse, referindo-se às missões das forças Nacionais Destacadas.
“Mas cá dentro provam todos os dias, quase anonimamente, em tempo de pandemia, em dois dias aqui foi transformado um espaço, em poucas semanas multiplicaram a capacidade de acolhimento [de doentes] o que é um incentivo para cada portuguesa e para cada português”, referiu. “Temos aqui um exemplo único de agir em antecipação”, sintetizou.
“Um dos grandes contributos das Forças Armadas do início da pandemia até agora foi o aumento em 146% nas camas de cuidados continuados”, exemplificou o primeiro-ministro, António Costa. “As nossas Forças Armadas têm dado contributos importantes, o Hospital das Forças Armadas, nos pólos de Lisboa e do Porto, disponibilizou um número significativo de camas, tendo sido possível reactivar o antigo Hospital Militar da Ajuda, disponibilizar um centro de acolhimento no Alfeite”, enumerou.
“Mas, também, o apoio que deram na evacuação dramática e na formação de lares, no planeamento do programa de vacinação e no trabalho do rastreamento”, referiu Costa. “É um motivo de orgulho”, concluiu.
No pólo de Lisboa do Hospital das Forças Armadas encontram-se, actualmente, internados 117 doentes da área da Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo. Desde a passada semana, aquela unidade reforçou em 140 camas de doentes covid, dez das quais em cuidados intensivos, passando a dispor de uma capacidade para 197 pacientes da pandemia.
Fonte: Jornal Público